Na quarta-feira (09/12), apesar de termos chegado do Sul no dia anterior, fomos novamente enviados para a região. A ideia era coletar o material em São José dos Campos e depois entregá-lo em São Paulo-SP, Maringá-PR e Lages-SC. Chegando no local de coleta, constatamos que nem tudo caberia no caminhão. Então levamos primeiro a carga de São Paulo, deixando o resto coletar depois e partir para o sul.
Este dia foi catastrófico, uma sensação de correr o dia inteiro e nada dar certo. Primeiro a coleta de manhã que não pôde ser completada, depois a entrega em São Paulo. O lugar de entrega na capital paulista era uma clínica na rua 24 de maio, rua da galeria do rock, centrão, local estreito, entupido de ambulantes, pedestres que andavam no meio da rua e sem lugar para estacionar. Para piorar, no caminho o rastreador do carro disparou e quase fez com que a gente obstruísse o trânsito de São Paulo, fazendo a Fran estacionar rapidamente em qualquer lugar. Na 24 de maio, foi um milagre achar um lugar para estacionar, passava gente, outros caminhões fechavam os retrovisores para tentar ultrapassar, a Fran estressada dentro do carro com medo de que algum fiscal de trânsito mandasse ela sair e sem saber como abrir a plataforma do caminhão naquele lugar; e o Tonho estressado por ter chegado na clínica e visto que o equipamento não cabia no elevador. Em meio ao caos, um vidro ainda caiu de uma janela no edifício há 5 metros de onde estávamos paradxs, quase acertando a cabeça de uma criança e transformando o momento em um trecho do filme do Almodovar.
Sem conseguir finalizar a entrega, voltamos para Jacareí. Outro motorista tinha coletado o material que seria entregue em Lages e Maringá, assim deixamos o caminhão na empresa para ser carregado e fomos almoçar no shopping – porque já eram três da tarde e não tinha nenhum restaurante aberto. Voltamos para empresa uma hora depois e o caminhão estava no mesmo lugar, sem ter sido carregado. Já eram quase 16h, teríamos que entregar em Maringá no dia seguinte e já estávamos irritados por começar a viagem tão tarde. Mas tudo bem, abastecemos, esperamos um pouco e saímos com destino a Maringá.
Andamos uns 50 km e nos ligaram para voltar. Haviam fechado uma carga para Santa Catarina e assim a entrega de Lages seria realizada por outro motorista, evitando que fizéssemos um desvio de quase 700 km. Nada de coleta, nada de entrega, nada de viagem para Maringá. O jeito foi voltar para casa, completamente exaustxs e sair no dia seguinte.
Na quinta-feira (10/12), as quatro horas da madrugada, saímos para Maringá. Logo cedo um pouco de problema com o rastreador que nos atrasou quase meia hora e mais uma busca por postos que tivessem calibrador de pneu. Apesar dos atrasos, pegamos a Marginal Tietê bem cedo, já lotada de carros, e atravessamos São Paulo. Seguimos pela Castelo Branco, até o fim, e entramos na continuação da Raposo Tavares até pouco antes de Ourinhos-SP, onde pegamos a BR-379 até Assis e depois a BR-333 até Londrina e por fim, Maringá. Essas estradas são muito boas, praticamente todas duplicadas e completamente planas, estendendo-se campos de soja até o infinito - bem diferente das serras gaúchas que transitamos nos dias anteriores.
Na divisa entre São Paulo e Paraná, paramos no posto fiscal e vimos vários coatis pela mata, sendo alimentados por um senhor. Almoçamos já no Paraná, onde dividimos um PF de ovo, feito a um preço especial pela atendente.
Chegamos em Maringá às 15h. No endereço da entrega, descobrimos que teríamos que dividir os equipamentos em três clínicas, entre elas uma veterinária, localizadas umas próximas às outras. Sem maiores problemas, descarregamos nos três locais e antes das 17h estávamos livres.
Assim, deixamos o caminhão estacionado e fomos a pé procurar um hotel. Fazia um dia quente e conseguimos caminhar bastante pelo centro de Maringá. Fomos até uma praça onde acontecia uma feira ao ar livre e conhecemos a Catedral Basílica Menor Nossa Senhora da Glória, um dos símbolos de Maringá. Andamos rumo ao terminal rodoviário e achamos vários hotéis. Acertamos com o mais barato que custava R$ 70 e tinha estacionamento para o caminhão. Quando fomos conversar com o senhor do estacionamento, ele estranhou que fossemos ficar no hotel e falou que lá era um "entra e sai danado de gente, não necessariamente para dormir". Decidimos então ver se até o caminhão achávamos outro hotel. Voltamos caminhando e paramos para comer um temaki maravilhoso em um lugar chamado Fast Sushi.
Pegamos o caminhão e continuamos a dar uma olhada nos hotéis do centro. No caminho vimos um acidente de carro de camarote: um senhor parou para que um pedestre atravessasse na faixa e outro carro bateu com força na traseira! O acidente foi nossa frente, enquanto esperávamos passar todos os carros na avenida. Sentimos um enorme mal estar e pensamos também como temos sorte por nada ter nos acontecido. Paramos em mais uns três hotéis até que achamos o Palace Hotel. O valor era de cem reais com garagem e café da manhã.
Deixamos as coisas no hotel e fomos tomar uma cerveja em uma padaria próxima que chamava Arco Iris Lanches, em frente à Praça Napoleão Moreira, toda enfeitada de Natal e com um trenzinho repleto de crianças. A noite estava muito bonita e ficou ainda melhor quando a Kika, amiga da Fran, chegou no bar. Estávamos sem celular e a comunicação foi difícil, mas umas dez e meia da noite, Kika e Ludo, seu companheiro, nos encontraram e fomos de carro para o Bar do Neco. Lá colocamos a conversa em dia e matamos a saudade, foi muito legal o encontro – pena que ninguém tinha celular e não tiramos fotos. A Kika, conhecida da Fran dos tempos em que moraram na França, continua a mesma, cheia de histórias e expressões engraçadas contadas com uma performance dramática única.
Voltamos para o hotel e no dia seguinte (11/12) saímos umas oito da manhã. Nesse dia, fizemos um caminho um pouco diferente e voltamos por dentro de Londrina, seguindo até Ourinhos pela BR-369. Esse caminho é bem menor, mas passa por dentro de várias cidades, cheias de semáforos e lombadas. Mais adiante, já na Castelo Branco, em vez de entrar em São Paulo, cortamos por dentro rumo à Jundiaí, por rodovias estaduais que dão na Dom Pedro I, na altura de Itatiba, onde paramos para comer esfihas. A viagem de volta foi tranquila e apesar das boas estradas, só conseguimos chegar em Jacareí lá pelas 20h, a tempo de participar do tão esperado churrasco da transportadora, que aconteceria no dia seguinte.