terça-feira, 29 de setembro de 2015

Rio de Janeiro

Na noite de quinta-feira, 24 de setembro, fomos avisados que no outro dia, pela manhã, deveríamos fazer uma entrega no Rio de Janeiro. De cara já pensamos em passar o fim de semana por lá e assim, mesmo sem saber se poderíamos ficar, arrumamos nossas malinhas (sem esquecer da roupa de banho, lógico!).

Passando pelo Maracanã
Na sexta-feira saímos às seis horas da manhã. Cruzamos toda rodovia Presidete Dutra, que liga as capitais de São Paulo e Rio de Janeiro. Jacareí, São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Pindamonhangaba, Aparecida, Guaratinguetá, Cruzeiro, Queluz, Resende, Volta Redonda...

Um dos caminhões que costumávamos dirigir foi para oficina, para tentar arrumar o defeito que apitava no painel desde que descemos a serra de Santos. Como a entrega no RJ eram 23 caixas, mas todas pequenas, dessa vez fomos numa Fiorino. O ponto positivo é que, por ser um veículo pequeno, poderíamos rodar a vontade na capital carioca. Mesmo assim, a Fiorino também precisa passar na fiscalização entre os estados. A memória da primeira vez que passamos no posto fiscal do Rio de Janeiro foi nos deixando incomodados conforme nos aproximávamos da fronteira. É impressionante como quem não deve nada, acaba temendo, devido à truculência, corrupção e o abuso de poder da polícia… Dessa vez a polícia não nos parou. De todo jeito, estávamos preparados e dessa vez guardamos nossa carteira e celular no bolso.


Antes do meio dia, chegamos no hospital universitário do Fundão, banhado pela Bahia de Guanabara, sob um sol de mais de 40º. Depois de dar diversas voltas pelo campus, chegamos no almoxarifado do hospital, onde iríamos descarregar. Fomos recebidos com indiferença por alguns funcionários, que além de não ajudar, ficaram perguntando pro Tonho se ele era gringo e de onde a gente vinha (eles achavam São Paulo muito longe, espantados por termos chegado de lá no mesmo dia). Outros funcionários, porém, nos receberam com muita atenção e se alegraram em receber o material que esperavam há semanas. A chegada do material permitiu voltar a realizar exames que estavam há muito tempo na fila de espera!

Acabamos a entrega rápido e mandamos uma mensagem para uma grande amiga que mora no Rio, Laís. Por acaso, ela estava tendo aula no mesmo campus que nós estávamos! Comunicamos a empresa de que a entrega tinha sido realizada com sucesso e perguntamos se havia a possibilidade de voltarmos no domingo. Por sorte, o veículo não é usado no fim de semana e assim pudemos ficar no Rio.



Depois de encontrar com a Laís, deixamos o carro em um estacionamento próximo à casa dela e aproveitamos a cidade. Ainda na sexta, almoçamos em um restaurante indiano na Tijuca, bebemos e comemos deliciosos pastéis no bar do Adão de noite (com Laís e Armando). No sábado, fomos à praia Vermelha, almoçamos e tomamos cervejas na mureta da Urca. À noite, em outro bar na Tijuca, encontramos outrxs amigxs queridxs e que esperamos rever muitas vezes, Bolívar, Sofia e Gabriel.

Um salve para Laís que recebeu a gente na casa dela!



Destino: Hospital Universitário no Rio de Janeiro
Carga: Material hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 750 km


O Rio de Janeiro é realmente lindo, mas também um caos. Curtimos as belezas da zona sul, mas conhecemos também as portas dos fundos de carga e descarga da cidade. Dirigir na região metropolitana do Rio é uma constante e intensa prova à paciência. Nessas poucas viagens que fizemos para lá, aprendemos algumas regras do trânsito carioca:

- Pisca alerta: é tipo um coringa e você pode usá-lo para qualquer coisa. Ou seja, se quiser parar em uma rua movimentada, basta encostar, apertar o pisca e ficar o tempo necessário.

Comprando uma jaca na Serra das Araras
- Buzina: Use para tudo (principalmente com toques longos). Se o motorista da frente demorou 0,1 segundo para acelerar depois que o sinal abriu, se parou para um idoso atravessar, etc. Só não utilize para o motorista que parou em um lugar irregular e colocou o pisca alerta (se não ligou o pisca, pode buzinar).

-  Semáforo: Não faz muita diferença o sinal estar vermelho ou ver. Não importa se é moto, carro, caminhão ou um ônibus repleto de passageiros - todo mundo fura o sinal vermelho. O mais engraçado é que em diversos locais com muitos pedrestres, como na universidade ou em frente aos shoppings, é colocado um agente de trânsito que faz exatamente o mesmo trabalho do semáforo, alertando os motoristas que eles devem parar no sinal vermelho.


domingo, 27 de setembro de 2015

Bragança Paulista

No dia 23 de setembro, quarta-feira, fomos para Bragança Paulista, fazer duas entregas de equipamentos hospitalares. Eram muitas caixas, algumas com mais de 3 metros de comprimento. Tivemos que levar dois ajudantes e ir em dois caminhões. No caminhão maior, foram a maior parte das caixas, mas como ele não rodava nas ruas estreitas do centro da cidade e nem entrava no estacionamento dos hospitais, íamos também em um caminhão menor. Tínhamos que fazer a baldeação de caixas do caminhão maior para o menor, para conseguir fazer as entregas.

Interior de hospital em Bragança
Saímos antes das 7h da manhã de Jacareí, seguimos pela via Dutra, logo pegamos a Dom Pedro e, por fim, a Fernão Dias, chegando em Bragança às 9h30. Mas só às 11h30 conseguimos fazer a entrega no primeiro hospital, porque tivemos que esperar a chegada do técnico da empresa para liberar a descarga dos equipamentos.

O primeiro hospital que fomos fazer a entrega é um prédio de arquitetura bem antiga, que fica na parte alta da cidade. Bragança é cheia de morros, o que foi um problema para nós. O caminhão que dirigíamos estava falhando desde a viagem de Santos, já tinha ido para oficina, mas não conseguiram ainda solucionar o defeito. O caminhão estava sem força e penou para subir algumas ladeiras da cidade!

A primeira entrega foi tranquila, apesar de termos que subir os equipamentos até o segundo andar do hospital em reforma. Antes de realizarmos a segunda entrega, fomos almoçar todos juntos. Haviam dois restaurantes na avenida principal, um bem do lado do outro. O pessoal foi no que tinha o prato maior e nós dois decidimos pegar uma marmita com filé de peixe no vizinho. Perguntamos se podíamos trazer a marmita para comer junto dos nossos colegas e dividir a bebida, e o rapaz que estava no caixa disse que não havia problema. Entretanto, quando sentamos para comer, uma senhora veio da cozinha e começou a nos esculachar por estar comendo marmita de outro restaurante! Foi de uma falta de educação que quase perdemos o apetite... Todos nós ficamos impressionados com a grosseria, mas no fim virou piada!

A entrega do período da tarde foi trabalhosa. Os volumes eram muitos, pesados e bem maiores. Distribuímos a carga em vários locais do hospital, já que a sala que irá receber os equipamentos ainda está em reforma. Tivemos que fazer duas viagens, porque não cabia todo o material no caminhão menor de uma só vez. Para piorar, o estacionamento desta clínica era muito apertado e tinha que subir uma rampa íngreme, que fazia uma curva. 

Graças aos ajudantes, fizemos a entrega sem maiores problemas e mais rápido que imaginávamos. No meio da tarde já tínhamos cumprido nossa missão com êxito e pegávamos de volta a estrada para Jacareí.


Destino: Hospitais em Bragança Paulista - SP
Carga: Equipamento hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 220 km


terça-feira, 22 de setembro de 2015

Duque de Caxias


Na terça-feira, dia 15 de setembro, fizemos nossa primeira viagem fora do estado de São Paulo. Nosso destino era Duque de Caxias, estado do Rio de Janeiro. Por volta das 8h da manhã saímos com direção a um hospital no centro da cidade carioca.

Na divisa entre os estados de SP e RJ, os caminhões têm que passar primeiro pelo posto de fiscalização, para verificação da nota fiscal, e em seguida, pela barreira policial, onde alguns caminhões são revistados, aleatoriamente. Claro que o nosso foi escolhido... quando viram que era a Fran que estava no volante, os policiais não pensaram duas vezes antes de mandar a gente encostar.

O policial já chegou se apresentando com sotaque carioca carregado e muita arrogância militar (famoso abuso de poder) , que chegava a ser cômico. O Tonho desceu para abrir o baú para conferência, enquanto o agente da lei nos enchia de perguntas do tipo: "Para onde vão?", "E esses brincos na orelha?"(muito pertinente), "Estão carregando armas?". A situação foi ficando constrangedora, não esperávamos aquele tipo de abordagem. Fomos ficando nervosos, ao mesmo tempo que tentávamos segurar o riso. 


Então, o policial perguntou: "Você usa droga?" e o Tonho respondeu: "Não, obrigado!".

Não, obrigado??? De tão nervoso, o policial ficou sem reação. E nós fomos a estrada toda gargalhando da situação!


A polícia ainda revisou a cabine, sem pedir permissão, fuçando nas nossas mochilas, bolsas e até na carteira. Muito esquisito...

No fim nos explicou uma estrada que, de acordo com ele, era o melhor caminho para nosso endereço em Duque de Caxias.



Descemos a Serra das Araras, contemplando a vista e ainda não acreditando na situação que passamos na divisa de estados.
Mais adiante, paramos num posto de combustível e buscamos informações sobre o melhor caminho para Duque de Caxias. Nos informaram que a estrada que o policial nos indicou estava em péssimas condições, cheia de buracos e que passava dentro de várias comunidades. O melhor era mesmo seguir pela estrada principal, passando pela Linha Vermelha. Seguimos os conselhos dos moradores e em 15 minutos já estávamos no centro de Duque de Caxias. Se tivéssemos seguido as instruções do policial, até agora estaríamos tentando achar o caminho certo...




Como o endereço que constava na nota não era o mesmo da entrega, tivemos dificuldade para encontrar nosso destino. O pior era aquele trânsito caótico, quente, lotado de carros e pessoas. Tivemos que dar várias voltas, manobrar o caminhão e parar em locais muito movimentados. Enquanto um ia buscar o lugar da descarga, o outro ficava no caminhão, para o caso de ter que sair dali.


Essas situações de ter que manobrar e encontrar endereços em meio a trânsitos muito pesado é uma das partes mais difíceis do ofício. O desafio é ter muita calma no volante e mais paciência ainda um com outro.

Por fim, encontramos a clínica, que ficava dentro de um shopping, e entramos pelo estacionamento lateral de carga e descarga. Entrega realizada com êxito! Almoçamos num restaurante por quilo dentro do shopping e seguimos viagem, voltando para casa ainda no mesmo dia. 


Destino: Clínica em Duque de Caxias - RJ
Carga: Material hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 700km









quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Santos

Havíamos sido convocados para fazer entregas nos estados do Espírito Santo e Pernambuco, o que nos deixou muito empolgadxs! Passamos alguns dias fazendo pequenos trabalhos, entregas nas cidades vizinhas, coletas de material, caixas, arrumando a carga... De última hora, porém, foi escalado outro motorista para esta viagem, com um caminhão com maior capacidade de carga para ampliar o serviço e passar em outros estados. Ok, não foi dessa vez que fizemos uma viagem mais longa...

Com a mudança, fomos escalados para levar uma carga de 100 caixas de suco em Santos. Passamos grande parte da quinta-feira (10/09) na indústria para fazer a coleta.

Às 04h da madruga da sexta-feira (11/09), saíamos da transportadora rumo a Santos-SP. Depois da Dutra, entramos na Ayrton Senna, onde, no km 36, pegamos o Rodoanel até o acesso à Anchieta. Descemos a serra em meio a um “mar” de curvas e caminhões. Lá embaixo, depois da neblina, o porto de Santos ainda acordava.

Chegamos no destino às 06h, ainda em tempo de uma hora de sono dentro do caminhão e pão de queijo numa padaria. Enquanto esperávamos na porta para fazer a entrega da nossa carga, chegou outro caminhão da nossa transportadora. Além de adiantar nosso lado e acelerar nossa entrega, nosso colega nos ensinou o caminho até a praia. Lógico que “erramos” um pouco o trajeto de volta e fomos dar um “oi” para o mar (como diz a música do Renato Teixeira, “e ver o mar às vezes bem que é preciso pra ter certeza de ainda estar-se vivo”).

Subindo a serra outra vez, acendeu uma luz amarela no painel e o caminhão começou a perder força. Nada de tão grave e assim continuamos nossa viagem.

Por volta das 12h, entramos no trânsito louco da capital paulista. Carregamos o baú até o teto numa fábrica de espumas. A carga era para ser entregue ainda naquela tarde em Pindamonhangaba-SP.

Pegamos a marginal Tietê e já na Dutra outra vez, paramos num posto para almoçar.

Nem o GPS conseguia encontrar o endereço de entrega em Pinda. Por sorte, passou um carro dos correios e o carteiro passou o rumo para a gente. No fim da tarde de sexta-feira, entregamos as espumas numa fábrica de materiais de limpeza para tubulação de grandes indústrias. Tem gente que fabrica cada coisa que nem imaginamos existir!


Destino: Distribuidora de bebidas em Santos-SP
Carga: Suco de maracujá
Distância percorrida, ida e volta: 160km

Destino: Fábrica em Pindamonhangaba-SP
Carga: Espumas
Distância percorrida, ida e volta: 350km











terça-feira, 8 de setembro de 2015

Primeiros trabalhos

Segunda-feira, 24 de agosto, primeiro dia de trabalho. A missão era entregar a carga de material hospitalar (4 paletes de chapas de raio-x) em uma distribuidora em Barueri-SP. Tínhamos que estar na porta do destino às 8h da manhã.

Para chegar em Barueri, tem que cruzar a cidade de São Paulo, Marginal Tietê de ponta a ponta, para pegar, do outro lado, a Rodovia “ditador” Castelo Branco. Havia um pequeno porém: o rodízio de carros na capital paulista. Como a placa da Sprinter que íamos dirigir termina com 1, não poderíamos passar pela Marginal nas segundas-feira, das 7 às 10h e das 17h às 20h. Uma solução seria dar a volta pelo Rodoanel, mas que não compensava porque aumentaria 80km (e uma hora) no trajeto. Decidimos então acordar mais cedo, sair mais cedo e chegar mais cedo no nosso destino, evitando assim imprevistos.

Eram ainda 4h da manhã, fazia um baita frio, e a gente já estava saindo da transportadora. O que a gente não esperava era que o vidro do passageiro estava com problema e uma vez abaixado, não subia de jeito nenhum! Não teve jeito: fomos e voltamos com aquele vento gelado da manhã paulista (e o perfume do Tiête) entrando com vontade pela janela do passageiro...

Não tinha nem amanhecido o dia e a rodovia Dutra estava lotada de gente querendo chegar na capital! Engarrafamento antes das 5 horas da manhã...

Aos poucos, a própria estrada vai dando fim ao medo e à insegurança...

Com sucesso cruzamos a cidade de São Paulo. Às 6h estávamos no portão (fechado) do cliente. Encostamos numa pracinha próxima e dormimos, apertados nos bancos da Sprinter, até minutos antes das 8h.

Estacionamos no pátio da distribuidora e esperamos (lendo livros) até as 9h para sermos chamados.

Manobramos em meio a outros caminhões, de maneira a entrar de ré no galpão. Colocamos em prática o aprendizado do manejo da plataforma e meio sem jeito fomos tirando os 4 paletes com o carrinho. Estava na cara que éramos calouros ali. Depois de deixar uns paletes, o carrinho escorregou e desceu desgovernado da plataforma, com toda velocidade e quase trombou com outras caixas! Além disso, ao chegar lá vimos que a carga estava misturada e que teríamos que “bater o palete” (quer dizer separar a carga na mão e montá-la de forma organizada em outro palete, no chão). Ficamos olhando com cara de paisagem até entender o que tínhamos que fazer. Para assinar as notas, ficou claro toda nossa falta de desconhecimento dos procedimentos. Pra piorar o funcionário da empresa resolveu fazer uma prova oral sobre o caminhão: qual o ano de fabricação, qual a data da última revisão, qual a placa? No treinamento não teve nada disso, mas aos poucos fomos descobrindo tudo que ele perguntava e prometemos estar afiadxs para próxima.

Enfim, com sucesso, terminávamos nossa entrega por volta das 10h. Já podíamos cruzar de volta a Marginal Tietê, com aquele gostinho de vitória.




Destino: Distribuidora em Barueri-SP
Carga: Material hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 230 km





Na terça-feira (25/08) o destino era uma fábrica de cervejas, em Araraquara-SP. Carregar insumos para produzir cerveja, essa é uma carga que dá até gosto de levar!

Antes das 5h da manhã, a nossa Sprinter pegava a Dutra. Além do frio, muita chuva e neblina atrapalhavam a visão, quando entramos na rodovia Dom Pedro I (Por sorte, a janela voltou a subir!).

Na cidade de Americana, paramos para calibrar os pneus e notamos que um deles estava bem mais vazio que os outros... estava vazando ar pelo bico! Analisamos o step e vimos que não dava para confiar. Paramos numa borracharia no fundo de um posto e lá ficamos mais de hora, debaixo de uma chuva impiedosa, arrumando tanto o pneu traseiro quanto o step.

Resolvido o problema, seguimos nossa viagem, rumo à rodovia Anhanguera. Depois de São Carlos, lá estava Araraquara. Não tivemos dificuldades para encontrar a fábrica, que fica bem na entrada da cidade, à beira da estrada.

Às 10h30 demos entrada na nota fiscal e estacionamos a Sprinter. Avisaram que só iam nos chamar depois do almoço. Então fomos dar uma volta no centro de Araraquara, onde encontramos um restaurantezinho por quilo, simples, barato, mas com feijão gostoso e uma polenta frita incrivelmente delícia.


Às 13h30 nos chamaram no alto-falante. Descarregamos sem maiores problemas, mas sem esconder a falta de intimidade com a paleteira.

Às 14h30, já estávamos na estrada de volta para Jacareí. Contentes pelo sucesso de mais uma entrega – e por fazer parte da cadeia de produção da cerveja!
 Destino: Fábrica de cerveja em Araraquara-SP
Carga: Insumo para cerveja
Distância percorrida, ida e volta: 660 km



Dia 26 de agosto de 2015. Às 08h30 saímos com destino a uma fábrica de doces na cidade vizinha de Tremembé. A carga era de baldes de doce de leite e extrato de tomate. Às 10h30 descarregamos.

Naquela tarde fomos carregar material hospitalar na fábrica em São José dos Campos, para levar no outro dia em um hospital na capital paulista.


Destino: Fábrica de doces em Tremembé-SP
Carga: Doce de leite e extrato de tomate
Distância percorrida, ida e volta: 140 km



Quinta-feira, 26 de agosto. Às 4h30 saímos rumo a um hospital no miolo da capital paulista.

A impressão foi a mesma das viagens anteriores: o dia nem tinha amanhecido e pegamos engarrafamento desde Guarulhos até chegar no hospital. A impressão que dá é que não cabe tanta gente assim no mundo.

Essa entrega nos trazia o medo especial de dirigir um caminhão em pleno centro da cidade de São Paulo. Não tivemos nenhum problema, mas a tensão é muito maior do que pegar aquele estradão livre pela frente.

Antes das 6h, já estávamos na porta do hospital. Ganhamos uma horinha livre, que nos rendeu uma soneca revigorante na boleia. Às 7h descarregamos e não tardou muito em deixarmos para trás o centro babilônico de Sampa.

Nesse dia, o Tonho ficou em São Paulo, para um curso de viola e a Fran voltou dirigindo sozinha até Jacareí.




Destino: Hospital em São Paulo-SP
Carga: Material hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 180 km



Fizemos ainda alguns pequenos trabalhos. No dia 02 de setembro, à noite, fomos nós dois como ajudante de outro motorista para auxiliar na desmontagem de uma feira de produtos veterinários em um parque de exposições na capital paulista. Lá foi uma dificuldade para entrar na feira. Não tinha muita organização sobre quem seria o primeiro a descarregar e o funcionário que cuidava do estacionamento tentava organizar uma fila por ordem de chegada (que não funcionava muito bem). Nesse tempo, conseguimos ir jantar. Na volta, ajudamos a desmontar, guardar, empacotar e carregar o material do stand dos nossos clientes até saída da feira. Terminamos quando a feira já estava quase desmontada e só voltamos no fim da noite.

No dia 03 de setembro, a noite, fomos carregar numa fábrica de sucos em Caçapava. Entretanto, depois de já haver colocado todo a carga no baú, não foi possível tirar a nota fiscal, pois havia sido cancelada pelo cliente, e tivemos que devolver toda a carga no galpão.


Alguns dias dessas semanas não tivemos viagens, assim ficávamos na transportadora esperando para ver se saia alguma coisa, checando o caminhão e fazendo alguns trabalhos como buscar alguma coisa para empresa, “aprender” a dirigir a empilhadeira e ficar conversando com os outros funcionários sobre assuntos diversos, como: CAMINHÃO!






Treinamento

Nos chamaram para começar nossa preparação para entrar efetivamente como motorista da transportadora, pois nunca tivemos experiência profissional na área. Estava previsto uma semana de treinamento. Começamos dia 21 de agosto de 2015, logo numa sexta-feira, dia que não está acostumado a ser o primeiro de trabalho. Antes mesmo de começarmos a dirigir, já percebemos que para motorista, todo dia é dia, toda hora é hora.

Assim sendo, antes das 4h da madrugada já estávamos à espera do motorista que ia nos treinar. A missão era entregar caixas de todos tamanhos e pesos, contendo máquinas e instrumentos hospitalares, em um hospital de Limeira-SP. A viagem foi tranquila e tivemos muito trabalho para descermos os paletes com todo o material, nas paleteiras de mão, usando a plataforma do caminhão.

O motorista nos ensinou a manipular a paleteira, por falta de experiência, não conseguimos manobrar aquelas caixas pesadas e o carrinho tão duro. Começamos também a aprender a mexer na plataforma para descer os paletes (essa parte é bem simples!).

No retorno, dividimos o volante, na emoção de dirigir aquele truck scania vermelho automático maravilhoso pelas rodovias Dom Pedro I e Dutra. E o frio na barriga para passar nos pedágios apertados, sem parar? É como na roça passar rápido em mata-burro!


Antes da hora do almoço acabar, já estávamos de volta na nossa cidade base – Jacareí-SP. Depois de um almoço muito rápido, fomos cumprir a segunda parte do primeiro dia de treinamento. Auxiliamos outro motorista a carregar a Sprinter com 4 paletes também de material hospitalar para entregar ainda na sexta-feira em Barueri-SP.

Entretanto, a nota fiscal demorou para sair e só conseguimos iniciar a viagem por volta das 17h. Antes de passar por Guarulhos, o motorista que nos treinava recebeu um chamado no rádio avisando que não adiantava irmos naquela sexta para Barueri, porque no nosso destino, só aceitavam descarregar até as 18h. Ou seja, tivemos que voltar para Jacareí porque a carga teria que ser entregue na segunda-feira. Nós dois voltamos revezando na direção.

Chegando na transportadora, o chefe teve que procurar algum motorista para levar a carga que ficou para segunda-feira. O que estava conduzindo, já tinha uma entrega marcada na próxima semana para o Rio de Janeiro. Todos os motoristas da empresa ou tinham compromisso ou já estavam viajando. Havia um disponível, mas de atestado médico, com dengue. No canto da sala, no meio da discussão para encontrar um motorista para o trabalho de segunda-feira, como quem não quer nada, falamos que nós dois poderíamos descarregar em Barueri. A primeira resposta terminantemente contra da chefia teve que ser repensada várias vezes. Não havia outra opção: ou nós dois levávamos ou a carga não chegaria no destino às 8h da manhã de segunda-feira.

Este foi nosso primeiro dia de treinamento. E único.

Segunda-feira (agora sim) seria nosso primeiro dia de trabalho, para valer.

Se tem uma coisa que aprendemos no nosso treinamento foi que uma das principais características de um motorista é estar sempre pronto.


Destino: Hospital em Limeira-SP
Carga: Material hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 390 km


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Antes de dar a partida

Somos duas pessoas com vontades parecidas. Mais ainda: com força de vontade gigantemente parecidas.

Duas pessoas que muitas vezes já responderam "motorista de caminhão" quando nos fizeram aquela cretina pergunta "o que você quer ser quando crescer?". Uma, de família de caminhoneiros, que no colo já queria segurar na direção; outro, que de tanta vontade conseguiu uma kombi, porque é o carro que mais se parece a um caminhão.

Aqui vai ser difícil não escrever no plural. Somos dois, juntxs, dividindo um só volante, através de possibilidades infinitas de estradas. Nos misturamos nas conversas infidáveis enquanto dirigimos, tecendo impressões do mundo que vemos através do mesmo para-brisa.

Não se trata de uma aventura, como pensam e insistem algumas pessoas. Trata-se, simples e verdadeiramente, de uma escolha de profissão, analisando as afinidades, vontades e necessidade de subsistência, agora que a idade nos permite escolher nossos caminhos profissionais, enfim.

Seguindo o conselho do vô Antonio e de outrxs amigxs, decidimos criar este blog para anotar nossas viagens, para que a memória não se perca em tantos trechos e trajetos. Para nós medirmos os quilômetros, para nós mesmos, anotarmos os serviços, lembrarmos dos desvios, lugares e os postos que têm a melhor comida. Mas também para dar satisfação as amigxs e de vocês ficarmos mais próximos - porque, como nós motoristas sabemos como ninguém, de saudade é feita a estrada.

Neste blog vamos contar quilometragens, mas também histórias, experiências, curvas e lendas. Estarão aqui, portanto, uma parte das nossas impressões, da cor, do som, do povo de cada estrada que passarmos por este Brasil afora.

 Tonho & Fran