domingo, 25 de outubro de 2015

Livramento de Nossa Senhora

Na madrugada de sexta-feira para sábado (17 de outubro), saímos da transportadora rumo à Livramento de Nossa Senhora, no interior da Bahia, levando equipamentos hospitalares.
Monumento ao Pelé, em Três Corações-MG, sua cidade natal

Tomamos café da manhã no primeiro posto de Minas Gerais, próximo ao posto fiscal de Extrema-MG. O almoço foi num posto antes de Belo Horizonte, que servia comida no fogão à lenha e nos deram desconto porque não comemos carne (nos cobraram R$13). Uma das vantagens de viajar por Minas é que, além da alimentação ser mais barata, tudo é mais negociável, ao contrário das churrascarias de São Paulo que não dão nenhum desconto, mesmo não desfrutando dos mil tipos de carne.  

Caminhão levando hélices de torres de energia eólica
Durante todo o caminho pela Fernão Dias, rodovia que liga a capital paulista à capital mineira, passamos por dezenas de carretas de mais de 50 metros carregando hélices para torres de energia eólica. Mais de mil quilômetros depois, ao redor da cidade baiana de Caetité, cruzamos campos com repletos desses monumentais cataventos, pintando de branco os morros áridos.

Rodeamos BH em meio a muito trânsito e um cenário urbano nada bonito. Daí para frente um sol impiedoso não nos deixaria, lembrando a cada segundo a falta que fazia o ar-condicionado. Passando Sete Lagoas, a estrada deixa de ser duplicada, até o nosso destino final. Muito diferente são os caminhos do norte de Minas, de grandes retas e um cenário bem mais desértico. Abundam na beira da estrada os pequizeiros, todos em flor. Paramos em uma currutela chamada Augusto de Lima, procurando algo para beber e comer. O menino que atendia no bar se assustou em ter clientes, ainda mais nós dois que, pelo jeito, era bem diferente da sua clientela comum. Ele ficou olhando fixo para a gente todo o tempo e perguntou curioso para a Fran: “cê mais seu marido são da onde?”.


Painel no mercadão de Montes Claros-MG

Chegamos em Montes Claros por volta das 20h, mas perdemos muito tempo procurando um posto para abastecer que aceitasse o cartão da frota da empresa e para encontrar uma pousada barata e que tivesse uma garagem que coubesse a Sprinter. Dormimos no Hotel São Pedro, próximo à rodoviária, que nos ofereceu um quarto legal por R$80, além de café da manhã e estacionamento para o caminhão. Tínhamos rodado 1.000 km naquele dia, estávamos exaustos e só conseguimos comer um lanche ali perto.

No domingo (18/10), tomamos café às 06h30 e seguimos nossa estrada para o norte. Vale a pena dizer que pegamos estradas boas em toda nossa viagem – à exceção dos primeiros 20 km saindo de Montes Claros, de estrada toda irregular e psicodélica, que jogava o caminhão de um lado para outro. Mas logo entramos à direita na BR-122, sentido Janaúba e Espinosa. Daí em diante, o calor foi só aumentando, a vegetação ficando cada vez mais seca, a ponto de não sobrar uma folha sequer nos galhos em volta da rodovia.

De repente, por si, quando a gente não espera, o sertão aparece – já dizia Guimarães Rosa. As estradas que nosso caminhão rodava cortavam os Gerais, dos grandes sertões que desconhecem os limites entre Bahia e Minas Gerais. A vida agreste, o céu sem nuvem, os vales infinitos, os paredões de pedra, as casinhas brancas solitárias lá na serra... um cenário de tirar o fôlego!
Na fronteira, pouco antes de Urandi (primeiro município baiano), paramos no posto de fiscalização. O Tonho deu boa tarde e a funcionária respondeu bom dia. Tinha começado o horário brasileiro de verão, na virada de sábado para domingo, e no nosso relógio já eram 12h30. Mas a senhora informou que ao cruzar a fronteira, a gente ganhava uma hora, porque no nordeste não tem horário de verão. Boa notícia, para quem trabalha contra o relógio na estrada!



Posto fiscal na fronteira da Bahia


As estradas seguiam desertas, com direito a cactus e aquela miragem no horizonte do asfalto. O álbum do Jhonny Cash que tocava no som do caminhão era a trilha perfeita para aquelas paisagens. Passando por Guanambi, demos carona para João, nosso primeiro caroneiro, até Caetité. Era domingo e os ônibus que ligam as cidades da região eram escassos. Paramos para almoçar pouco depois que deixamos o carona.


No começo da tarde, um imprevisto: uma luz amarela piscando no painel e o caminhão perdendo força! O mesmo problema que deu com a gente voltando de Santos, no mês passado. Tínhamos que seguir viagem assim mesmo, fazer a entrega dentro do prazo e pensarmos depois como fazer no caminho de volta.


Os 200 km entre Caetité e Livramento de Nossa Senhora (passando por Brumado) demoraram muito mais que esperávamos, devido ao problema no carro. O caminho porém valeu a pena. Livramento é uma cidadezinha antiga, de 45 mil habitantes, aos pés das montanhas que fazem parte da Chapada Diamantina. A estrada vai se abrindo pela serra e plantações de manga. Entramos na cidade com o sol querendo se por.



Nosso plano era ter ido a alguma cachoeira, mas o problema no caminhão fez mudarmos os planos. Assim mesmo, aproveitamos o resto do domingo em Livramento. Passeamos na cidade e sentamos num barzinho de esquinapara refrescar a garganta depois daquele dia de viagem. O dono do boteco até nos deu caju e manga com sal. 



Era dia de festa de cavalgada e tinha cavalos por toda a cidade! Depois, quando comíamos um lanche, chegou um cavaleiro bêbado quase entrando com o cavalo dentro da lanchonete e derrubando as cadeiras do bar. Foi tanto susto que a criança da mesa ao lado começou a chorar. Encontramos uma pousada bem barata e nos demos o luxo de escolher um quarto com ar-condicionado, por R$50, na pousada Oliveira.

Às 8 horas da manhã da segunda-feira (19/10), estávamos na porta da clínica para fazer a entrega. Eram dois paletes: um com uma máquina de fazer mamografia e outro com filmes e demais equipamentos para o exame. É gratificante levar equipamentos médicos para populações distantes dos grandes centros, tornando possível os exames para tantas pessoas que aguardam na fila dos hospitais. Em pleno Outubro Rosa, é um trabalho que faz a gente se sentir útil!

Descemos o material na plataforma e posicionamos as caixas dentro da clínica. Enquanto aguardávamos a médica responsável chegar, para indicar o local de armazenamento dos equipamentos, tomamos café da manhã com tapioca em uma padaria naquela rua. Antes das 10 horas da manhã, já havíamos cumprido a missão. Mas dessa vez, a volta não seria tão simples.

Entramos em contato com a transportadora e a solução encontrada foi levar o caminhão para a concessionária em Vitória da Conquista. Sem perder tempo, seguimos o caminho. Voltamos por Brumado e daí seguimos pela BR-030. Almoçamos em um restaurante simples, mas delicioso, na beira da rodovia em Anagé, onde nos deixaram repetir o prato na faixa, por não termos comido carne.


Por volta das 15h, chegamos em Vitória da Conquista. Os técnicos passaram o computador e diagnosticaram um problema na injeção, provavelmente devido à má qualidade do diesel que abastecemos em algum posto. Como não dava mais tempo de realizar o conserto naquele dia, tivemos que dormir na cidade. O caminhão ficou na concessionária e nós pegamos carona com o ônibus dos funcionários da empresa até uma região mais central, onde ficavam os hotéis. Nos deixaram na frente do hotel do “bode” (imaginem o naipe do lugar) e decidimos buscar uma pousada com melhor custo-benefício. Fomos descendo a avenida, olhando vários lugares... Por fim, entramos em uma pensão familiar e de cansaço acabamos escolhendo aquele ali mesmo. O lugar era deprimente, o quarto ficava nos fundos de um boteco, no meio da família dos proprietários, e ainda com a privada entupida. Saímos para comer uma pizza (de milho, grande, por R$12,90) e na volta decidimos que não ia rolar ficar na pensão. Cheios de constrangimento, pegamos nossas trouxas e fomos para um hotelzinho um pouco mais caro, na mesma avenida (Hotel Paraíso, R$70).

Na terça-feira (20/10), às 07h20, estávamos na porta da garagem de onde saía de volta o ônibus dos funcionários para a empresa. Conseguimos concluir o processo de regeneração e limpeza da injeção, fazer o test drive e resolver o problema naquela manhã mesmo. A concessionária ficava na saída da cidade e dali pegamos a BR-116 de volta. Almoçamos num posto-churrascaria por quilo, logo que entramos outra vez em Minas Gerais.


Cruzando a fronteira, perdemos a hora que tínhamos ganhado quando entramos na Bahia. Aí seguimos pelas estradas cruzando os Gerais. Pegamos a BR 251, rumo a Salinas, e daí para Montes Claros, onde chegamos às 18h30 e dormimos mais uma vez. Como já conhecíamos a cidade, chegamos direto no local que havíamos ficado três dias antes. Infelizmente, o São Pedro já estava cheio e fomos para uma pousada vizinha, chamada Giovani (R$ 70). Aproveitamos para dar uma volta no centro da cidade e jantamos num restaurante árabe chamado Casa das Esfihas.

Montes Claros é uma cidade que temos um afeto, entre vários motivos, por ser a terra da Kombi do Tonho e do Tião Carreiro, entrada para os Gerais e maior cidade (quase 400 mil habitantes) do norte de Minas, região produtora da melhor cachaça do estado, do Brasil e do mundo.


Na quarta-feira (21/10), fizemos questão de passar cedinho no Mercadão de Montes Claros, antes de ir embora. Compramos cachaça, requeijão e algumas especiarias da cidade.


Já na BR-135, cruzamos com um andarilho que caminhava sem camisa e sapatos sob o sol quente e sobre o asfalto pegando fogo. Andamos um pouco, mas decidimos fazer o retorno, para ver se ele queria alguma ajuda. A Fran encostou no acostamento e o Tonho atravessou a rodovia, levando água, comida e seu par de havaianas. O rapaz pegou com força a garrafa e a comida e saiu, sem falar nada, deixando para trás as havaianas. Tanto ele, quanto o Tonho, seguiram a viagem sem chinelos.

Mais adiante paramos para almoçar no posto Chefão, no município de Curvelo. Atravessamos outra vez o caos da região metropolitana de BH. Algumas horas depois fomos presenteados com mais um por do sol de mil cores. Cinco dias e centenas de quilômetros depois, já beirando meia-noite, conseguimos chegar em Jacareí. Missão cumprida.







Destino: Livramento de Nossa Senhora – BA
Carga: Equipamentos médicos
Distância percorrida, ida e volta: 3.300 km



















sexta-feira, 23 de outubro de 2015

São José

Na quarta-feira, dia 14 de outubro, já tínhamos descarregado na grande São Paulo (pela manhã) e ido em um treinamento (a tarde). Mas às 17h nos passaram rádio convocando para fazer uma entrega no outro dia a tarde, em São José-SC, parte continental da região metropolitana de Florianópolis. A carga de equipamentos hospitalares não coube toda no truck que iria até lá e então nos pediram para levar os dois paletes restantes na Sprinter. Ficamos empolgadxs pela ideia de poder rever xs amigxs e voltar à ilha, que deixamos há cinco meses. Dessa vez, para chegarmos no prazo tínhamos que rodar a noite toda. Então, voltamos para casa, descansamos um pouco e saímos às 22h30 da quarta-feira.


À noite, os caminhões são os donos da estrada. A Régis Bittencourt estava cheia de carretas, em plena madrugada. É a hora em que os caminhoneiros preferem rodar, por ter menos carros e não fazer tanto calor. Cada motorista tem suas armas para enfrentar o sono. No nosso caso, além de revesarmos o volante, ligamos o som do AC/DC e descemos as curvas das serras, iluminadas apenas pelos faróis dos caminhões. Highway to Hell!

O dia amanheceu bonito no Paraná. Aos poucos, as cidades iam acordando. Conseguimos chegar em Santa Catarina bem mais cedo que pensávamos e antes do outro caminhão que vinha com o restante da carga. Almoçamos em São José e seguimos para o local da entrega. Era uma distribuidora de material hospitalar e rapidamente fizemos a descarga.

Como era quinta-feira (15/10), analisamos a possibilidade de passar o fim de semana em Floripa e já estávamos planejando onde ficar e estacionar o caminhão. Porém, entramos em contato com a transportadora e iam precisar do nosso caminhão para fazer uma entrega na Bahia! Não tivemos outra escolha: viramos as costas e tocamos de volta para São Paulo, sem descansar, mas com muita vontade de nos próximos dias rodar no Nordeste.

Dessa vez, as praias ficaram só de longe, pela janela do caminhão, na beira da estrada. Mesmo assim, foi um alívio rever as praias de SC e, principalmente, saber que Floripa será um destino comum para nós. Amigxs, nos aguardem, qualquer dia chegamos com um tempinho a mais!




De volta à estrada, vimos o sol se por no mesmo lugar que o vimos nascer naquele dia, no norte do Paraná. Já estava escuro, quando sentimos que o caminhão puxava para o lado direito. Paramos num posto, vimos que um pneu dianteiro estava bem mais vazio que os outros e percebemos que estava vazando ar pelo bico. Perdemos quase uma hora na brincadeira, pois tivemos que passar numa borracharia.
 

Estávamos virados e a vista cansada nos fez parar para dormir tarde da noite de quinta-feira. Já no estado de São Paulo, descendo a serra da divisa com o Paraná, descansamos numa pousada que fica dentro do restaurante de um posto no município de Cajati-SP. Levantamos junto com o sol e antes do almoço já estávamos de volta em casa. Enfim era a hora de descansar da viagem para Santa Catarina, porque a estrada para o norte nos esperava nos próximos dias.



Destino: São José-SC
Carga: Equipamento hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 1.600 km


segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Romaria

Durante toda essa semana, a Dutra estava cheia de grupos de peregrinos rumo a Aparecida do Norte, para o feriado da padroeira em 12 de outubro. Era impressionante o número de pessoas que circulavam pelas margens da rodovia motivadas pela fé na santa. Era gente magra, gorda, velha, jovem, homem, mulher, tudo. Caminhando a passos lentos, com cajados, bandeiras, imagens da santa carregadas nos braços ou em estampas nas roupas. São pessoas que saíram de vários lugares do país e que nas estradas cruzavam com hippies, trabalhadores, malucos de BR e disputavam as sombras das placas, dos viadutos e dos pontos de ônibus para fugir do calor penoso das tardes de outubro em São Paulo e do barulho dos caminhões.




O consórcio que administra a Dutra também coloca placas no caminho que atentam para a presença dos romeiros e distribuem panfletos com dicas para os peregrinos. Estes, por sua vez, fazem a sua parte e caminham em grupos grandes, com roupas coloridas (algumas vezes sinalizadas) e buscando certa distância dos veículos. Vale a pena que os romeiros se informem das melhores condições para fazerem a caminhada, algumas dicas podem ser encontradas no site do Vale.

Cartaz da NovaDutra no trecho da rodovia em Caçapava alerta motoristas. Foto: Marcelo Caltabiano. 

domingo, 11 de outubro de 2015

Grande São Paulo

  
Se ficamos assustados na primeira vez que entramos na cidade de São Paulo, hoje cruzar a marginal, nos meter na babilônia e enfrentar aquele mundaréu de carros e filas, se tornou para nós algo tão corriqueiro e familiar quanto o cheiro do Tietê. Muitos dos dias de trabalho que deixamos de postar aqui no blog, foram viagens para vários pontos da capital paulista.

Na última semana, entretanto, o trabalho em São Paulo foi intenso. O frete era fracionado, o que significa que tivemos que fazer uma série de pequenas entregas em hospitais e distribuidoras de material hospitalar na região da grande São Paulo. Esse tipo de trabalho é muito cansativo, porque implica passar grande parte do tempo com o caminhão em engarrafamentos; a cada entrega é um malabarismo para encontrar o endereço e estacionar, tratar com porteiros e encarregados, pensar a logística da descarga, descer as caixas pesadas na mão, etc. Nessa correria, acabamos sem horário para tomar café e almoçar. Além disso, para estar na porta do cliente antes das 8 horas, o despertador tem que tocar 04h30 da madruga.

Tantas coisas podem sair errado numa entrega, que dá um gostinho de vitória cada vez que concluímos uma. Cada nota fiscal recebida e assinada é uma conquista. Na real, o trabalho de motorista tem muito desse sentimento de missão cumprida.

Na quarta-feira (07/10), cruzamos São Paulo de cabo a rabo e amanhecemos em Barueri. Depois, fomos para dois hospitais no centro de Sampa e em seguida entregamos algumas caixas para um cliente em uma região mais afastada. O GPS nos mandou por um caminho de volta muito louco, por umas quebradas, cheias de ladeiras, contornando a Cantareira, fomos sair atrás da Fernão Dias. Já era tarde quando alcançamos a Dutra e almoçamos num posto.

Voltamos umas 16h para Jacareí, mas o dia de trabalho ainda estava longe de terminar. Fomos fazer uma entrega dentro de Jacareí mesmo. Batemos várias caixas, debaixo de um sol de rachar. Depois fomos fazer coleta da carga para entregar na quarta-feira e levar parte deste material para outra empresa de logística em São José dos Campos. Saindo de lá, o caminhão puxou um fio de telefonia pendurada no poste! Foi aquela confusão, em frente a um ponto de ônibus lotado que assistia a nós dois desesperados, com medo de sermos eletrocutados,atrapalhando o trânsito de uma das avenidas mais movimentadas de São José dos Campos, na hora do rush. Eram quase 21 horas quando conseguimos chegar em casa.

Às 05h da quinta-feira (08/10) já estávamos na estrada, outra vez rumo a Barueri. Depois de fazer a primeira entrega, seguíamos para a marginal Tietê, quando nos pediram para retornar em Barueri para fazer uma coleta no mesmo lugar de onde vínhamos. Lá fomos nós, cruzar de volta a marginal, que aglomerava mais carros conforme o dia ia passando. De lá, seguimos pelo Rodoanel para um hospital em São Bernardo dos Campos. Concluídas as entregas de quinta, voltamos pela rodovia Anchieta até o Rodoanel, e então pela Ayrton Senna até Jacareí.

Na sexta-feira (09/10), como eram poucas caixas a ser entregues, nos pediram para ir na Fiorino. Quando estávamos saindo de Jacareí, o carro começou a sair fumaça – a ventoinha tinha parado de funcionar. Trocamos os fusíveis e voltamos para transportadora. Só tinha um Uno disponível e tivemos que lotar o porta-mala e os bancos traseiros com as caixas. Apesar de estarmos num veículo menor, a viagem foi bem cansativa! Pegamos muito trânsito na capital porque era sexta-feira, véspera de feriado e fazia um calor danado. A primeira entrega foi em Jabaquara, a segunda em Paraíso. Depois de rodar todo o centro, pegamos as marginais e o Rodoanel, rumo a terceira entrega, no município de Caieiras. Para fugir da saída dos paulistanos para o litoral, resolvemos pegar a estrada que vai para Mairiporã até Atibaia, onde seguimos pela Dom Pedro e chegamos em cima de Jacareí. Essa alternativa aumentava 30 km a mais no trajeto, mas valeu muito a pena ter cortado o trânsito de Guarulhos. Também é um caminho muito bonito, que passa pela represa do rio Juqueri e nem parece que está tão perto da capital.

Dessa vez fica difícil fazer o mapa com o caminho exato que fizemos, por dentro de São Paulo, e calcular a quilometragem. Circulamos só na região, mas no fim de cada dia dava mais de 400 km rodados! A correria valeu pela experiência e por conhecer as veias principais que entram e saem da maior cidade da América do Sul.


sábado, 10 de outubro de 2015

Curitiba

Na terça-feira, dia 06 de outubro fomos e voltamos de Curitiba. Como de costume, nos avisaram sobre a entrega apenas no dia anterior. A carga eram algumas caixas grandes de material hospitalar. Saímos bem cedo, por volta das 4h30. A viagem, apesar de longa, foi bem tranquila.

O dia nem tinha amanhecido e nós já saíamos da cidade de Sao Paulo, pela Régis Bittencourt. No trajeto de ida, a Fran escutou uma buzinada bem forte enquanto dirigia. Achamos estranho porque, na ocasião, ela não tinha feito nada de errado. Assim que olhamos, nos divertimos ao ver que era outro motorista da nossa empresa, que viajava para o Rio Grande do Sul. Nos encontramos na próxima parada enquanto fomos comprar salgadinho. Conversamos sobre a estrada e quais seriam os próximos postos para abastecer.

Na ida revezamos bastante o volante. Apesar de termos saído cedo, Curitiba é longe, com um trajeto cheio de serras – como a Serra dos Cafezais e a Serra do Azeite (ou outros nomes) – e assim quando chegamos já se passava do meio dia.

Para chegar no local tivemos que passar pelo centrão de Curitiba, pela UFPR e alguns parques. O destino da entrega, por sorte, era mais afastado. Ia dar trabalho estacionar o caminhão naquele centro repleto de carros e pessoas. Ao chegar no local da entrega, achamos que havíamos nos enganado, pois era uma casa, sem nenhuma sinalização de clínica, diferente dos lugares em que estamos acostumados a descarregar. Tocamos a campainha e ninguém atendeu. Começamos a ficar preocupados porque queríamos pegar o caminho de volta o mais rápido possível, para dar tempo de voltar para casa no mesmo dia. Entramos em contato com a transportadora para que confirmassem o endereço e aproveitamos para procurar um lugar para almoçar. Depois de rodar um pouco sem achar nada, acabamos comendo num Subway, num posto perto do local de entrega.




Foi interessante que neste caminho procurando almoço encontramos uns indígenas vendendo artesanato no semáforo. Conversamos rapidamente, enquanto o sinal não abria, e eles contaram que eram da etnia Kaingang, da aldeia Rio das Cobras. Não pudemos conversar mais, porém compramos um cesto lindo feito pelas indígenas.



Depois disso, a empresa confirmou o local de entrega. Estávamos certos. Chegando lá o dono da casa nos recebeu e ajudou a carregar algumas das caixas. Ele não conseguiu esconder a surpresa e nos disse “Antes os entregadores era uns homens fortes! Agora chega uma mulher magrinha dessa, com um piá magrinho também”.

Assim que descarregamos, pegamos o caminho de volta para São Paulo. Dessa vez não passamos pelo centro de Curitiba, mas sim pelo anel viário, cortando pela parte sudeste da cidade. Já na Régis Bittencourt, passamos por um caminhão da Fórmula Truck, sendo carregado por outro caminhão!


Fomos revezando o volante, enquanto um dirigia o outro cochilava no banco do carona. Enquanto dormia, a Fran chegou a sonhar que dirigia o caminhão e que cochilava no volante... e acordou de repente super assustada (e feliz por não estar dirigindo de verdade)! A volta foi cansativa, depois de acordar tão cedo, pegar as serras com chuva e de noite, estávamos exaustos. Só chegamos em Jacareí umas 22:00 e ainda tivemos que esperar um pouco para organizar no caminhão a carga que sairia no dia seguinte (dessa vez um pouco mais tarde: 5:30 da manhã).



Destino: Curitiba
Carga: Equipamento hospitalar
Distância percorrida, ida e volta: 1.200 km